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Destaques

"Historiantics: Bem-vindos à Busca pela Utopia!"

 Desde criança, sempre senti que o mundo não se encaixava perfeitamente nas molduras que me apresentavam. As narrativas oficiais, as verdades absolutas, as regras inquestionáveis... tudo parecia limitar a vastidão da experiência humana, sufocando a chama da curiosidade e da busca por algo mais. Foi nesse espaço de inquietação que a história se tornou meu refúgio e minha paixão. Ao mergulhar nas páginas dos livros, descobri um mundo de possibilidades, de lutas e conquistas, de sonhos e utopias. A história me mostrou que o presente não é um destino imutável, mas sim o resultado de escolhas, de conflitos e de sonhos que ecoam através dos tempos. Enxergar o mundo fora dos padrões me permitiu ver a história não como uma sucessão de datas e nomes, mas como um palco de dramas humanos, de injustiças e resistências, de esperanças e desilusões. E foi nesse palco que encontrei a força para questionar o presente, para denunciar a violência e a intolerância que ainda nos assombram, ...

O Eremita da Verdade: Solidão, Fé e a Deserção das "Ovelhas" do Show da Fé (e a Queda do Ídolo)



Ah, a busca pela verdade! Uma jornada épica, não é mesmo? Uma aventura que nos leva a escalar montanhas de conhecimento, atravessar desertos de dúvidas e navegar oceanos de incertezas. Mas, para alguns, a verdade é um buffet self-service, onde se servem apenas os pratos mais palatáveis, aqueles que não exigem mastigação intelectual. E é aí que o circo do "Show da Fé" entra em cena, com seus palhaços da fé, seus acrobatas da prosperidade e seus leões amestrados da obediência cega.

Nesse picadeiro religioso, a Bíblia é um livro de receitas de bolo de pote, onde cada versículo é um ingrediente para o sucesso financeiro, o sucesso moral, a cura instantânea e a felicidade de plástico. A leitura é superficial, a interpretação é literal e o pensamento crítico é um pecado capital. "Deus proverá", dizem eles, enquanto ostentam seus ternos de grife e seus carros importados, como se a fé fosse um bilhete premiado da loteria divina.

E que tal a famosa passagem de Mateus 6:26? "Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?" Ah, sim, como se a providência divina fosse um vale-refeição para os preguiçosos de plantão! Na Cabala, essa passagem nos convida a refletir sobre a natureza da confiança e da dependência de Deus, não sobre a irresponsabilidade e a negligência. As aves, na sua simplicidade, confiam no Criador, mas também buscam o alimento com diligência. A fé genuína não é passividade, mas sim uma parceria com o Divino, onde o esforço humano se une à graça divina.

Mas, no circo do "Show da Fé", a fé é um espetáculo de ilusionismo, onde a aparência de devoção é mais importante do que a busca genuína por Deus. Os fiéis são transformados em marionetes, repetindo mantras de prosperidade, dançando em êxtase coreografado e aplaudindo os milagres fajutos dos pastores-celebridades. E, se ousarem questionar o roteiro do espetáculo, são sumariamente expulsos do picadeiro, acusados de hereges e rebeldes.

E o que dizer de João 8:32? "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." Ah, a liberdade! Um conceito tão distorcido nesse circo de horrores. A verdade, para eles, é um conjunto de dogmas e regras inflexíveis, que aprisionam a mente e sufocam a alma. A liberdade é a capacidade de repetir os slogans da igreja, de seguir as ordens do pastor e de se conformar aos padrões da comunidade.

Na Cabala, a verdade é uma jornada interior, uma busca constante pelo autoconhecimento e pela conexão com o Divino. É um processo de desconstrução de ilusões e de libertação de padrões mentais limitantes. A verdade não é um presente divino, mas sim um tesouro a ser descoberto, com coragem, humildade e discernimento.

E não podemos esquecer de 2 Timóteo 3:16-17: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra." Ah, a perfeição! Um ideal tão distante da realidade humana, tão usado para manipular e controlar os fiéis. A Escritura, para eles, é um manual de instruções para a vida perfeita, onde cada erro é um pecado mortal, cada dúvida é uma heresia imperdoável.

Na Cabala, a Escritura é um labirinto de símbolos e metáforas, que nos convida a explorar os mistérios da criação e da alma humana. É um convite à reflexão, ao questionamento e à busca por um significado mais profundo da existência. A perfeição não é a ausência de falhas, mas sim a capacidade de aprender com os erros, de crescer com os desafios e de se tornar uma versão melhor de si mesmo.

E assim, o circo do "Show da Fé" segue seu espetáculo de horrores, com seus palhaços da fé, seus acrobatas da prosperidade e seus leões amestrados da obediência cega superficial. Mas, para aqueles que buscam a verdade além do picadeiro, há um convite à liberdade, à autenticidade e à busca por um sentido mais profundo da fé.

A busca pela verdade, meus caros, é uma jornada solitária. Uma peregrinação árdua, onde cada passo é um questionamento, cada tropeço uma reflexão. E, nesse caminho, as "ovelhas" do rebanho do "Show da Fé" se dispersam como confetes ao vento, incapazes de acompanhar o ritmo da dúvida e da introspecção.

No picadeiro do "Show da Fé", a verdade é um coral afinado, onde todos cantam a mesma melodia, repetem os mesmos refrões e aplaudem os mesmos solos. Mas, para aqueles que se aventuram a explorar as dissonâncias da existência, a verdade é um solo de violino, melancólico e profundo, que ressoa nas cordas da alma.

E, como todo eremita, o buscador da verdade se encontra frequentemente em solidão, como Jó, que clamou em meio ao sofrimento: "Meus irmãos afastaram-se de mim como um ribeiro; como a corrente dos ribeiros, passaram; os que estavam turvos de gelo, e neles se esconde a neve" (Jó 6:15-16). Jó, abandonado por seus amigos, questionou a justiça divina, mas não abandonou sua busca por Deus.

Ou como o próprio Jesus, que clamou na cruz: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46). Jesus, o filho de Deus, sentiu a solidão e o abandono, mas não negou sua fé.

E, como Elias, que fugiu para o deserto, perseguido pela ira de Jezabel: "Então Elias teve medo, e se levantou e foi para salvar a sua vida; e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo. E ele mesmo se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais" (1 Reis 19:3-4). Elias, o profeta de Deus, sentiu o peso da solidão e o desespero, mas encontrou força na comunhão com o Divino.

A solidão, meus caros, não é o fim da jornada, mas sim um portal para aprofundar a conexão com o Divino. É no silêncio do deserto interior que encontramos a voz da verdade, que ressoa nas profundezas da alma.

E, enquanto as "ovelhas" do rebanho do "Show da Fé" se contentam com a grama verde da prosperidade material, o eremita da verdade se aventura pelas montanhas rochosas da dúvida, pelos vales sombrios da incerteza, em busca do tesouro escondido da sabedoria.

A Igreja Antiga, meus caros, era um refúgio para esses eremitas da verdade. Longe dos holofotes e dos aplausos, os primeiros cristãos se reuniam em comunidades silenciosas e reflexivas, onde a busca pelo autoconhecimento e pela conexão com o Divino era mais importante do que a ostentação e o proselitismo.

Na Igreja Antiga, a fé não era um show de pop, mas sim um mergulho profundo nas águas da alma. Os fiéis se dedicavam à oração contemplativa, à leitura das escrituras e à prática da caridade, buscando a Gnosis, o conhecimento espiritual direto que transcende a razão e a fé cega.

E, enquanto o "Show da Fé" oferece um cardápio de soluções prontas e milagres instantâneos, a Igreja Antiga nos convida a trilhar o caminho da dúvida, do questionamento e da busca interior.

Mas há um desafio ainda maior, meus caros: a queda do ídolo. O líder religioso, acostumado aos aplausos e à adoração, encontra-se diante de um abismo quando a verdade o chama. Abandonar o palco, renunciar ao mini-estrelato, exige uma coragem que poucos possuem.

A verdade nua e crua, desprovida de holofotes e efeitos especiais, exige um mergulho profundo no próprio ser, um confronto com as próprias sombras. E poucos estão dispostos a encarar esse desafio.

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